O Oceano Amortecedor Climático

O oceano – amortecedor climático / Acidez provoca falta de calcário / As consequências da mudança do clima no solo marinho / Ecossistema no tubo de ensaio




O Oceano - um amortecedor para as mudanças climáticas



Durante os últimos 800.000 anos a quantidade do gás de efeito estufa dióxido de carbono variou regularmente com o tempo. Estas flutuações estão intimamente relacionadas aos chamados períodos quentes e glaciais - uma alternância natural entre altas e baixas concentrações de CO2 na atmosfera. Antes da Industrialização, a concentração média de CO2 no ar ainda era 280 ppm (partes por milhão). Depois disso, as concentrações aumentaram e atingiram a marca de 400 ppm.

As consequências do aumento das concentrações de CO2 na atmosfera são o aumento da temperatura média global, derretimento de geleiras e calotas polares, aumento no nível médio do mar, e um aumento na frequência de eventos climáticos extremos. A exata dimensão do problema depende unicamente das emissoes futuras. O oceano tem um papel fundamental no aquecimento do planeta: além de armazenar uma boa parte do aumento de calor, ele ainda absorve cerca de um quarto do excesso de dióxido de carbono emitido para a atmosfera, agindo como um amortecedor para as mudanças climáticas. Por quanto tempo ainda o oceano continuará a funcionar desta maneira é uma questão que vem sendo pesquisada atualmente.

Acidificação dos Oceanos- Um desequilíbrio químico





Atualmente, os oceanos absorver cerca de um quarto das emissões antropogênicas de dióxido de carbono para a atmosfera. Isso desacelera o aquecimento global, e é um serviço que não tem preço! No entanto, uma vez dissolvido nos oceanos, o dióxido de carbono reage com a água do mar e forma ácido carbônico.

Como consequência, o pH da água do mar diminui, aumentando a sua acidez. Este processo também reduz a concentração dos íons carbonato dissolvidos na água do mar. No entanto, são exatamente estes íons essenciais para o crescimento de organismos marinhos calcificadores, como certos grupos do plâncton ou os corais.

Desde o começo da era industrial, por volta de 1850, a acidez dos oceanos já aumentou em 30 por cento, sendo que as maiores taxas de acidificação ocorreram nas últimas quatro décadas. Hoje em dia, os pesquisadores já conseguem medir a acidificação em curso nos oceanos. Este processo vem ocorrendo dez vezes mais rápido que quaisquer outras variações naturais que ocorreram ao longo da história do planeta Terra.

Além disso, os valores atingidos estão além dos limites já alcançados pelos oceanos anteriormente. Se o desenvolvimento deste processo não for mitigado, provavelmente ocorrerão mudanças nas comunidades marinhas. E não só a biodiversidade está ameaçada! A pesca e a aqüicultura também podem ser afetadas, assim como a proteção de zonas costeiras e o turismo.

O impacto das mudanças climáticas no assoalho oceânico





Como consequência das mudanças climáticas, a temperatura dos oceanos stá aumentando, o pH está diminuindo, e a água do mar está tornando-se mais ácida. Isto prejudica a calcificação de organismos marinhos e diminui as taxas de crescimento de vários corais tropicais.

Será que as espécies de corais de águas frias (e escuras e profundas) dos oceanos também estão ameaçadas? Os biólogos marinhos de Kiel, através de estudos em seus laboratórios, pesquisaram sobre os efeitos de águas mais ácidas e mais quentes nos corais pétreos da espécie Lophelia pertusa. Esta espécie consegue se adaptar às condições mais ácidas desde que ainda haja alimentação suficiente.

Para validar os resultados em laboratório nos ambientes naturais, e para aprender mais sobre os ecossistemas de corais de águas frias, os cientistas de Kiel examinam com regularidade diversos fiordes noruegueses com o submersível JAGO e estabeleceram um observatório a longo prazo no assoalho oceânico.

O ecossistema num tubo de ensaio





Uma instalaçao de mesocosmos representa um complexo ecossistema marinho em miniatura. Dentro de estruturas que se assemelham a tubos de ensaio gigantes, os pesquisadores observam as mudanças que ocorrem em toda a comunidade biológica provocadas pela acidificação.

Os estudos que utilizaram as instalações de mesocosmos Kiel KOSMOS mostraram que os menores grupos planctônicos beneficiam-se de altas concentrações de dióxido de carbono na água do mar. O aumento de sua produtividade na base pode modificar toda a cadeia alimentar. Além do mais, menos carbono seria transportado para regiões mais profundas dos oceanos, e poderia haver uma diminuição da produção de gases que regulam o clima, como o dimetil sulfeto.

Entre os perdedores neste cenário futuro para os oceanos está a borboleta marinha, como são chamados por exemplo os pterópodos da espécie Limacina helicina. Estes pequenos gastrópodes que nadam livres nos oceanos do planeta constituem uma fonte significativa de alimento para várias espécies de peixes de interesse comercial, aves marinhas e baleias.

Como a composição química das conchas deste pequenos organismos é o carbonato de cálcio, eles encontram-se bastante ameaçados pelas mudanças provocadas pela calcificação dos oceanos. Para sobreviver em águas mais ácidas, os pterópodos precisam de mais energia, em detrimento de outras funções vitais como o crescimento e a reprodução.