Matérias-primas provenientes do oceano profundo
A partir de 1.000 m de profundidade o mar dispõe de recursos geológicos especiais. Empresas internacionais de mineração estão exercendo pressão para explorar esses recursos, mas será que isso é compatível com o meio ambiente? Quais são os países que podem reivindicar a exploração, e em que áreas? A pesquisa científica ainda tem que dar essa resposta.
Somente a partir de 1970, passados aproximadamente cem anos após a descoberta dos nódulos de manganês, os países industrializados começaram a explorá-los. Seguiu-se a extração de petróleo nas águas rasas do Mar do Norte; hoje, a extração de petróleo é praticada até mais de 3.000 m de profundidade e nas regiões polares. Na década de 60, foram descobertas lamas nas águas profundas do Mar Vermelho, e na década de 70 as fumarolas negras no Pacífico. As descobertas mais recentes são os hidratos de gás com relevância energética que se encontram em milhões de quilômetros quadrados no solo como hidrato de metano congelado, além de matérias-primas relevantes para a medicina e a farmácia provenientes do mar.
A exploração do solo oceânico distante das costas e de suas matérias-primas é regulada pelo direito internacional marítimo. Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, cada estado costeiro tem direito a explorar os recursos naturais existentes em uma área de 200 milhas náuticas de largura contígua à plataforma continental -- a assim chamada "Zona econômica exclusiva" (ZEE). Exigências mais abrangentes terão que ser justificadas perante a Comissão de Limites da Plataforma Continental das Nações Unidas.
Hidratos de gás
Hidratos de gás são formações de combustíveis semelhantes ao gelo compostas por água e gás (sobretudo metano) que surgem em grandes quantidades, sob alta pressão e temperaturas baixas, nas regiões de permafrost do Ártico e no solo marinho dos taludes continentais. Os hidratos de gás aparecem sobretudo em profundidades de água a partir de aprox. 500 m, nas regiões polares também em profundidades bastante menores. No oceano, grande parte do metano é proveniente da decomposição de material orgânico. A maior parte do metano é formada na área das bordas continentais, onde para a formação de gás estão disponíveis uma alta produção de plâncton e grandes quantidades de material ôrganico no sedimento. Os hidratos de gás encontram-se em todos os oceanos do mundo, mas também no Mar Cáspio, no Mar Negro, no Mediterrâneo e no Lago Baikal.
Nódulos de manganês, crostas de manganês
Em nível mundial encontram-se no solo marinho nódulos de manganês, normalmente em profundidades de 4.000 a 6.000 metros, mas também em mares de pouca profundidade como no Mar Báltico. Esses nódulos têm 2 a 15 cm, cor marrom-negra, são relativamente leves e sua formação se dá em camadas. Crescem somente poucos milímetros em um milhão de anos, por isso os nódulos maiores têm aproximadamente 15 milhões de anos. São compostos sobretudo por óxidos de manganês e de ferro. São interessantes os seus componentes de cobre, níquel e cobalto, mas também de telúrio, platina e outros. As primeiras tentativas de uma exploração dos nódulos de manganês não foram lucrativas. As crostas de manganês só existem nas encostas de vulcões submarinos. No noroeste do Oceano Pacífico elas alcançam a espessura mínima de interesse econômico de 4 cm. Atualmente estão sendo investigadas técnicas de exploração sustentáveis em termos ambientais.
Fumarolas negras
Fumarolas negras são o tipo mais conhecido de fontes hidrotermais. Elas surgem quando nas imediações de uma câmara magmática a água infiltrada na crosta terrestre aquece e é enriquecida com sulfeto de hidrogênio e cátions. A água ácida modificada desta forma é expelida do solo marinho sob altas temperaturas (até aprox. 400 °C). Em virtude da alta pressão, ela permanece líquida e não evapora. No contato com a água fria do mar, a precipitação dos metais contidos nela vai formando estruturas parecidas com chaminés industriais. Com frequência, os pesquisadores encontram nelas indícios de altas concentrações de cobre, zinco e ouro, motivo pelo qual há cada vez mais empresas de mineração submarina interessadas neste recurso natural.